Para que a inovação ocorra, é necessário criar processos e espaços que facilitem a exploração do conhecimento e a troca de ideias e experiências entre as organizações e pessoas relacionadas com uma área de negócio.
Tal como já descrevemos no nosso artigo Diversidade para a inovação, ideias disruptivas e diversidade andam de mãos dadas. Esse vínculo é fortalecido quando a diversidade reúne pessoas com antecedentes que não são condicionados pela realidade e pela vida quotidiana dos negócios.
Foi o professor Henry Chesbrough quem primeiro propôs um modelo de inovação que foi além das fronteiras empresariais. Intitulou-o de Inovação Aberta (IA) e esta é agora uma das pedras basilares do desenvolvimento de negócios. As conquistas de empresas como a Cisco, a Xerox, a GE, a Honeywell e a Lindt, entre outras, graças à IA, são exemplos recorrentes nas investigações e na literatura sobre o tema. No entanto, como observa o professor Chesbrough, a IA não é uma estratégia válida apenas para grandes corporações. Ela é imperativa para qualquer organização, independentemente do seu tamanho ou setor, pois todas precisam de inovar para competir num ambiente em constante evolução.
A IA facilita este processo. Além de multiplicar o número de ideias e soluções criativas oferecidas, é realmente lucrativa. Todas as empresas mantêm relações externas com clientes, fornecedores, parceiros ou concorrentes que compõem a sua rede de contactos. Reforçar pontes para que essas conexões se tornem fonte de ideias é o objetivo do modelo de Inovação Aberta. Deste modo, ele tira proveito dessas relações e baseia-se no uso de conhecimentos externos, experiências e tecnologia para inovar. Da mesma forma, como Chesbrough enfatiza, a IA é uma via de dois sentidos, em que a inovação flui “de fora para dentro” e “de dentro para fora”. Por outras palavras, o conhecimento da própria organização pode ser usado por terceiros, o que pode levar à exploração da propriedade intelectual ou ao acúmulo de spin-offs de negócios.
No entanto, palavras fáceis de escrever, como colaboração, criatividade ou abertura não são tão fáceis de colocar em prática, principalmente quando envolvem pessoas que têm pouco em comum. A gestão da diversidade e a Inovação Aberta propriamente dita exigem atenção e procedimentos, dinâmicas que nos permitam libertar a criatividade interna e explorar a criatividade externa (Docherty, 2015). O projeto CreO é uma proposta de exploração da aprendizagem em contexto de trabalho/estágios que todos os formandos do Ensino e Formação Profissional devem realizar para obterem as suas qualificações. Ao colocar o foco no potencial criativo dos profissionais da ICC, o projeto fornece a metodologia e as ferramentas necessárias para integrar e consolidar a inovação no setor industrial, graças a pessoas com formação criativa, externas às empresas. A delimitação desta colaboração é também importante, incentivando e valorizando a gestão da reputação de ambas as partes. Este é um fator crítico na abordagem aos processos de abertura e é o ponto de partida para estabelecer uma colaboração honesta, baseada na confiança mútua.
Fuentes:
- Collective disruptive. How corporation &start-ups can co-create transformative new business. Michael Docherty. Polarity Press. 2015.
- El capital intelectual en la innovación tecnológica. Aplicación a las empresas de servicios profesionales de España. G. Martín, E. M. Alama, J. E. Navas, P. López. 2007.
- Everything You Need to Know About Open Innovation. Henry Chesbrough. Forbes
https://www.forbes.com/sites/henrychesbrough/2011/03/21/everything-you-need-to-know-about-open-innovation/#36f5283175f4 - Innovación abierta. Wikipedia.
https://es.wikipedia.org/wiki/Innovación_abierta - The Open Innovation Model. Jennifer Brant and Sebastian Lohse. International Chamber of Commerce. 2014